
A meditação no yoga tem como objetivo provocar o relaxamento mental e físico e liberar a mente de tensões e complexos arraigados. Segundo Saraswati (1962, p. 24), em Yoga a meditação “[...] é definida como um processo de conscientização através do qual tentamos atingir o ponto mais alto de nosso ser. Na meditação, a pessoa procura adquirir um completo conhecimento de si mesmo e tenta treinar e coordenar as infinitas potencialidades da própria mente”.
Todas as técnicas de meditação no yoga têm o objetivo de conduzir o indivíduo de pratyahara (desligamento dos sentidos) até dharana (concentração, convergência), quando então a meditação pura (dhyana) poderá advir espontaneamente. De acordo com Saraswati (1962, p. 25), para desenvolver o poder de meditação temos de nos submeter a um processo de relaxamento que só é atingido totalmente através do desligamento completo do ambiente exterior para um mergulho profundo em si mesmo.

Quando se atinge pratyahara (desligamento dos sentidos), a mente se encontra concentrada em um ponto e o desafio é mantê-la presa a esse ponto ao mesmo tempo em que há a conscientização interior. Para que o indivíduo não adormeça e o consciente se mantenha restrito a uma área limitada, escolhe-se um símbolo psíquico como objeto de concentração, que será imaginado. Esse símbolo deve ser um objeto, ter uma forma determinada e não ser apenas uma idéia abstrata. Pode ser, por exemplo, uma figura humana, uma flor de lótus, o símbolo de um chakra, um ovo dourado ou uma simples mandala.

Porém, especialmente no início, quando se tenta a concentração num símbolo psíquico ou numa imagem, muitas outras imagens aparecem perturbando e distraindo a atenção. Essas imagens são samskaras ou impressões que constituem os elementos de nosso ego mental (inibições, complexos, repressões, medos, etc.), que são a causa de nossas tensões profundas e da constante inquietude da mente, e ficam bem no fundo de todos os nossos comportamentos na vida diária, condicionando nossos pensamentos e experiências e nos compelindo a responder a eles de forma previsível. Esses elementos emocionais subconscientes estão sempre no limiar de nossa mente emergem assim que se atinge o relaxamento físico e mental. Na yoga, ao contrário da psicologia moderna, não é necessário ou desejável analisar essas impressões, que devem ser eliminadas para que se alcance uma profundidade maior de meditação (SARASWATI, 1962, p. 26).
O meio de se libertar dessas impressões ou samskaras é através da consciência sem envolvimento, apenas contemplando-as como numa tela de cinema, como simples espectador. Dessa forma, um dia as imagens cessam de vir à tona, atingindo-se o estado de meditação pura (dhyana).
BibliografiaSARASWATI, Paramhansa Satyananda. Yoga-nidra. Munger, Bihar : Bihar School of Yoga, 1962.
Nenhum comentário:
Postar um comentário